quinta-feira, 28 de julho de 2011

O universo da direção criativa de moda


Mais que produtos de vestuário, a Direção Criativa de Moda utiliza a marca como pano de fundo para projetar design inspirado em life style

 Cada vez mais as marcas são guarda-chuvas para estilos de vida transmitindo um modo de sentir, consumir e se relacionar no mundo.  É a partir desta constatação que a moda acabou legando uma nova profissão que faz ponte com as diversas áreas criativas, da arte ao design, o da direção criativa.
Projetar uma marca que tenha assinatura e que vá de encontro a um determinado modo de vida é o desafio deste novo profissional que irá desenvolver os mais variados projetos: casas, hotéis, móveis, carros, eletroeletrônicos e até mesmo roupa.
Na Europa e Estados Unidos, onde a cultura empresarial dos grandes conglomerados de moda já é dominante, a direção criativa é uma realidade bastante nítida e diferenciada dos antigos profissionais de estilo, a exemplo de Sarah Jessica Parker, que assumiu a direção criativa da Casa Houston ou da dupla de gestores Humberto Leon e Carol Lim da multimarca incensada pela crítica e pelo público, Opening Ceremony, que foram contratados como diretores criativos da lendária Kenzo e sequer são designers de moda. Ao contratá-los, o porta voz do grupo ressaltou que a visão de 360º foi o grande diferencial da dupla: ou seja, eles entendem da criação ao visual merchadising do negócio da moda.
Um dos primeiros a “encarnar” o papel de diretor criativo foi o texano Tom Ford, que reescreveu a história da Gucci reposicionando a marca no mercado de luxo. Dele, comenta-se até hoje que “pensava da roupa à posição dos canapés na bandeja durante uma festa da marca”.
Aqui no Brasil, desde a década de 1990 e cada vez mais neste primeiro decênio do século XXI a profissão de diretor criativo vem sendo cada vez mais procurada, respeitada e aceita, uma vez que o mercado agora é global, as marcas locais estão ganhando longevidade e começam a se formar os primeiros conglomerados no mercado de moda a exemplo do AMC Têxtil, InBrands e o Animale-Farm, que já detêm significativo portfólio de marcas e que direcionam cada uma para atender um estilo de vida.
Talvez o exemplo mais bem sucedido no mercado brasileiro seja o de Alexandre Herchcovitch, que vendeu a marca para a holding Inbrands e continua como diretor criativo da própria marca. Sua linha prêt-à-porter desfila na São Paulo Fashion Week e em Nova York com show room nos EUA e Japão, além de exportar parte da sua produção para Europa, EUA e Japão, onde mantêm uma loja, além das brasileiras. Além disso, sua coleção jeans desfila no Fashion Rio e ainda tem diversos pontos de distribuição no Brasil e loja online. Mas o que chama atenção é o número de licenciamentos assinados por ele: meia, curativos, louças, decoração, isqueiros, uniformes para rede MacDonald´s e seleção brasileira, por exemplo, edredons, móveis e outras iniciativas interessantes.
Com rico universo iconográfico, o designer conseguiu transpor as barreiras da moda para estabelecer uma marca que agrega valor a tudo o que faz.

Direção Criativa para além da moda

O estilo de vida tem sido o responsável por esta revolução na forma de direcionar a marca e não só o universo da moda tem se aproveitado dela. Recentemente a Condé Nast - editora responsável pela publicação de títulos como “Vogue”, “W” e “Vanity Fair” anunciou que pretende abrir restaurantes e cafés com os nomes de suas revistas.  Algumas marcas famosas já deram lições nesse sentido: como exemplo, a J-Brand, grife que vendeu boa parte do seu capital para uma agência de criação focada em diversos conteúdos que vão muito além da moda. Ou a Estée Lauder que adquiriu a Smashbox, uma empresa especializada em mídias sociais e televisão. Outros exemplos ainda mais escancarados vêm de marcas como Armani e Versace, que possuem hotéis de luxo que levam seus nomes. Ou da Coca-Cola, marca mundialmente famosa por sua bebida e que também possui uma linha de roupas. Em se tratando do universo da direção criativa de moda a palavra chave é: pense fora dos seus limites e explore o universo que o seu público-alvo te oferece. É justamente sobre esta experiência que o MBA de Moda UNA vai tratar.